CONTRIBUIÇÃO DO COACH – O dia da morte do “eu não posso”. O enterro da expressão mudou a mentalidade coletiva de uma empresa – por Claudio de Almeida Neto

Eu sei e você sabe também que transformar teoria em prática é uma coisa simples, porém não é fácil. Quando a pressão vinculada aos resultados aumenta, aí a coisa fica mais difícil ainda.

Quando o assunto é liderança muito se ouve falar da importância do papel do líder no desempenho de sua equipe, que eu insisto em chamar de time (onde todo mundo ganha ou todo mundo perde).  O discurso é sensacional! Só que na vida real, as coisas são diferentes. A coisa não é bem assim. Quando eu falo sobre aumento da pressão sobre o alcance de resultados esperados (e pressão aumenta sempre), eu tenho a perfeita noção de que transformar teoria em prática não é tão fácil como se quer ou pensa. Quando a “chapa esquenta” sob os pés dos gestores, fica bem claro que uma minoria não recorre aos famigerados métodos, execrado em todas as literaturas sobre liderança, de transferir a pressão aos liderados, colaboradores, funcionários, como achar melhor chamar. Geralmente o líder “perde a mão” e potencializa a pressão de forma geométrica. É nesse momento que surgem comportamentos não ortodoxos como ameaças, coação, intimidação e, não raro, demonstrações de autoritarismo. Tudo isso acontece, de forma velada ou não, para demonstrar que o cenário mudou.

Eu não estou escrevendo este artigo para tentar convencer você de que os comportamentos possam (e devem) ser diferentes. As coisas são como são! Não vou “tapar o sol com a peneira”. Ao contrário, eu quero é oferecer uma releitura sobre o cenário e trazer para sua reflexão um caso concreto de um líder que, usando sua experiência, conseguiu virar o jogo se utilizando de criatividade em substituição à força bruta, não rara nessas ocasiões. Ouvi essa historia quando participei de um seminário sobre técnicas de liderança, em São Paulo, no ano de 2015.

Contou o palestrante que Mário Griecco, que foi presidente do Laboratório Bristol Myers Squibb (empresa de biopharma com atuação na área de oncologia, virologia, imunologia, neurologia e doenças cardiovasculares), assumiu a presidência da empresa em Porto Rico (um território não incorporado dos Estados Unidos da América com status de autogoverno). Ao assumir o cargo, Mário deparou-se com um problema que, para os comuns seria quase intransponível. A Squibb de Porto Rico estava contaminada em seu cerne pelo vírus dos velhos hábitos e pelas bactérias da aversão às mudanças. Essas duas “doenças organizacionais” já em elevado estágio. Todas as vezes que Mário Griecco tentava implementar alguma novidade, batia de frente com uma enxurrada de “não dá”, “não pode”, “não é possível” e outras negativas mais. Tudo isso com o objetivo real de não permitir a implementação de novos modelos de gestão.

A pergunta que Mário tinha em sua mente, todo o tempo, era: “o que fazer agora?”. Mário Griecco, segundo se sabe, não é gestor que se utiliza de comportamentos autoritários ou fica fazendo ameaças todo o tempo. Seu estilo de liderança, conforme disse o palestrante, tem caraterísticas mais amenas, porém com alto grau de persuasão. Seu objetivo maior era receber o apoio e a cooperação dos seus colaboradores, e não obriga-los a agir de uma forma, porém continuando a pensar de outra, bem diferente. Mário sabe que pensamentos geram sentimos que levam às ações. A tarefa era mudar os pensamentos das pessoas do grupo influenciador. O que acontecia era que as conversas francas, os argumentos apresentados e todas as formas de tentar convencer, pareciam não estar dando o resultado esperado. Os ouvidos dos funcionários da Squibb Porto Rico não estavam abertos para as palavras de seu novo gestor.

Mas nem tudo estava perdido. Mário Griecco tinha uma carta na manga e a utilizou na hora certa.  Um dia, durante uma reunião com seus colaboradores, Mário pediu para eles escreverem uma lista do “eu não posso”. Os funcionários deveriam relacionar, sem limites, tudo aquilo que eles entendiam que não poderiam realizar. Essa lista poderia ser de cunho profissional e, também, pessoal. Ele queria alcançar todos os níveis de todos os funcionários. Depois, listas completas, foi marcada uma reunião para que cada colaborador apresentasse sua lista individual de “não posso”.

É claro que o pensamento coletivo inicial é que o presidente havia enlouquecido quando chegou à reunião vestido com a roupa de padre. Nas mãos, Mário Griecco trazia uma miniatura de caixão (de defunto, isso!). Acalmados os ânimos e passado o susto, o presidente declarou o seguinte: “Vamos, hoje, de uma vez por todas, sepultar todos os “eu não posso” da nossa empresa”. Os funcionários foram convidados a colocar suas listas dentro de caixão e, depois, com o presidente, saíram em cortejo fúnebre, por todos os corredores da empresa até chegarem à área externa, onde cavaram a cova onde o caixão com as lista do “eu não posso” foi enterrado com todas as honras possíveis e imaginárias.

A atitude de Mário Griecco, um gesto simbólico de sepultamento de crenças limitantes, surtiu um poderoso efeito sobre os pensamentos de seus funcionários. Até aquele momento, o pensamento coletivo estava voltado para o “eu não posso”. O ato de enterrar o pensamento negativo causou um efeito transformador na mentalidade das pessoas que trabalhavam na empresa e, até ali, só pensavam naquilo que não podiam realizar.

Mário Griecco não precisou fazer uso de nenhum atitude agressiva ou ameaçadora para conseguir alterar os pensamentos, sentimento e atitudes dos funcionários da empresa.

Até hoje, quando os visitantes vão à sede da Squibb de Porto Rico se deparam com a curiosa lápide e, surpresos, perguntam quem está enterrado ali. Os funcionários da Squibb, porto-riquenhos, orgulhosos, contam historia do dia em que o “eu não posso” morreu e tudo mudou, para melhor.

Aceite meu abraço e desejo-lhe muita saúde para alcançar todos os seus objetivos.

Sinceramente,

Claudio de Almeida Neto – Coach de Carreira

 

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Quero inspirar pessoas. Quero que um dia alguém olhe para mim e diga: "por sua causa, eu não desisti." Meu nome é Claudio de Almeida Neto, eu sou Coach.

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